Geena no Novo Testamento - [Sobre o Inferno 7/11]

Não vou relembrar os ensinamentos e o impacto de Jesus em seu tempo, porque acredito que é de conhecimento de todos. Só é importante registrar que usarei a teoria da Fonte Q e da precedência de Marcos para entender a composição dos Evangelhos. Ou seja, acredito que o Evangelho de Lucas e Mateus foram escritos com base no Evangelho de Marcos e um conjunto de ditos em aramaico que os eruditos chamam de Fonte Q ou Documento Q. Acredito também, que Mateus escreveu para cristãos judeus e Lucas para cristãos gentios.

Geena é o termo em grego equivalente ao Ge Hinnom, o Vale do Filho de Hinnom que vimos no Antigo Testamento. Note que Jesus se refere ao lugar em um contexto escatológico, e os autores dos Evangelhos deixam claro que ele está fazendo referencias a Isaias e Jeremias.

O termo é comum em Mateus e Marcos, raro em Lucas e ausente em João. Em Mateus e Marcos, dois evangelhos bem judaicos, o Ge Hinnom aparece varias vezes como lugar de punição, onde os injustos serão lançados. Marcos sempre diz que é melhor perder um membro do que o corpo inteiro na Geena. Uma diferença significativa: algumas copias de Marcos inclui o versículo de Isaias sobre como o verme não morre e o fogo não se apaga. (Isaías 66:24)

“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do geena.” – Mateus 5:22

“Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no geena.”. – Mateus 5:29-30

“E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do geena” – Mateus 18:9

“E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o geena, para o fogo que nunca se apaga, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.” - Marcos 9:43 - 44

“E, se o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor é para ti entrares coxo na vida do que, tendo dois pés, seres lançado no geena, no fogo que nunca se apaga, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.” - Marcos 9:45-46

“E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do geena, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.” - Marcos 9:47-48

Jesus também condena os fariseus ao Ge Hinnom

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do geena duas vezes mais do que vós.” – Mateus 23:15

“Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do geena?” – Mateus 23:33

Lucas, como dito, é um Evangelho mais grego do que judaico. A palavra Geena, conceito judaico, aparece uma única vez em Lucas, e é possível reparar que o mesmo versículo é diferente em Mateus.

No Evangelho de Mateus, o corpo e a alma são lançados na Geena, mas no Evangelho de Lucas, o corpo é morto e depois a alma é lançada na Geena. Pode ser apenas uma forma de linguagem,  ou uma real diferença de conceito, mas deixa claro que existe uma diferença. E veremos mais a frente como isso pode ser significativo.

“E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no geena a alma e o corpo” – Mateus 10:28

“Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no geena; sim, vos digo, a esse temei.” – Lucas 12:5


Outro livro extremamente judaico do novo testamento é a epistola de Tiago ( repare que na apresentação ela é direcionada as 12 tribos Israel), e é o único livro do Novo Testamento além dos evangelhos que usa o termo Geena.

“A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo geena.” – Tiago 3:6

Ou seja, a Geena nos evangelhos está associada a uma punição profética, a mesma de Isaias e Jeremias, não existe evidencias para pensar que será logo após a morte.

Ressurreição dos Mortos - [Sobre o Inferno 6/11]


Nas palavras do amargurado Jó vemos o primeiro desejo humano bíblico pela ressurreição.

“Morrendo o homem, porventura tornará a viver? Todos os dias de meu combate esperaria, até que viesse a minha mudança. Chamar-me-ias, e eu te responderia, e terias afeto à obra de tuas mãos.” – Jó 14:14-15

Posteriormente nas imagens proféticas de Isaias, nos oráculos de Oseias, e no famoso vale de ossos secos de Ezequiel, vemos a sugestão de que Deus pode devolver a vida a Israel. Não algo literal a ser interpretado como a ressurreição dos mortos, mas uma ressurreição do povo como nação.

“Como a mulher grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto, e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós diante de ti, ó SENHOR! Bem concebemos nós e tivemos dores de parto, porém demos à luz o vento; livramento não trouxemos à terra, nem caíram os moradores do mundo. Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos. Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira. Porque eis que o SENHOR sairá do seu lugar, para castigar os moradores da terra, por causa da sua iniquidade, e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seu mortos.” – Isaias 26:17-21

“Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR. Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o SENHOR. Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso. E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito. E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor DEUS: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam. E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.” – Ezequiel 37:4-10

“Vinde, e tornemos ao SENHOR, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida. Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele.” – Oseias 6:1-2

Mas a ideia clara e literal de que um dia os mortos serão ressuscitados por Deus e levantarão de suas tumbas, aparece somente nos registros do período Intertestamentário. Note que em Sabedoria e Macabeus (inclusos nas bíblias católicas, mas não nas protestantes) só existe ressurreição para os justos.

“Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará. Aparentemente estão mortos aos olhos dos insensatos: seu desenlace é julgado como uma desgraça. E sua morte como uma destruição, quando na verdade estão na paz! Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de imortalidade, e por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os provou, achou-os dignos de si. Ele os provou como ouro na fornalha, e os acolheu como holocausto. No dia de sua visita, eles se reanimarão, e correrão como centelhas na palha.” – Sabedoria 3:1-7

“Prestes a dar o último suspiro, disse ele: Maldito, tu nos arrebatas a vida presente, mas o Rei do universo nos ressuscitará para a vida eterna, se morrermos por fidelidade às suas leis. Após este, torturaram o terceiro. Reclamada a língua, ele a apresentou logo, e estendeu as mãos corajosamente. Pronunciou em seguida estas nobres palavras: Do céu recebi estes membros, mas eu os desprezo por amor às suas leis, e dele espero recebê-los um dia de novo. O próprio rei e os que o rodeavam ficaram admirados com o heroísmo desse jovem, que reputava por nada os sofrimentos. Morto este, aplicaram os mesmos suplícios ao quarto, e este disse, quando estava a ponto de expirar: É uma sorte desejável perecer pela mão humana com a esperança de que Deus nos ressuscite; mas, para ti, certamente não haverá ressurreição para a vida. ” – 2 Macabeus 7:9-14

A maioria dos eruditos acreditam que apesar do livro de Daniel ser canônico foi escrito no período intertestamentário, tem um estilo de escrita e uma teologia típica desse período. De acordo com Daniel, não só os justos ressuscitarão.

E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente. E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.” – Daniel 12:1-4

Nos escritos de Josefo, vemos que no judaísmo existiam facções que acreditavam na ressurreição, como os fariseus; e facções que não acreditavam, como os saduceus. 

Essa ideia de ressurreição dos mortos do judaísmo é única. Na mitologia grega os deuses ressuscitavam assim como Jesus ressuscitou, mas uma a ressurreição escatológica de toda humanidade era um conceito inexistente. Vemos isso no discurso de Paulo no Areópago.

“E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez.” – Atos 17

O Sheol encontra o Hades - [Sobre o Inferno - 5/11]

Hades da Septuaginta

A influencia das conquistas de Alexandre, o Grande, pelo mundo também afetou a Judéia, e a cultura dos filhos de Helen se encontrou com as tradições dos filhos de Abraão. O Helenismo chegou até a Judeia.

            Na biblioteca de Alexandria surgiu a Septuaginta, mais antiga tradução da Bíblia em grego (300 A.C – 100 A.C). A tradução se tornou muito importante, judeus como Flavio Josefo e Filo acreditavam que ela foi inspirada por Deus da mesma forma que o texto em hebraico. Quando os autores do Novo Testamento citam o Antigo, normalmente usam o texto da Septuaginta ao invés do texto em Hebraico.

            A Septuaginta sessenta e quatro vezes traduziu a palavra Sheol para Hades. Alguns termos do Antigo Testamento que sugeriam a ideia de mundo dos mortos, mas não usavam o termo Sheol, também foram traduzidos para Hades (Jo 33:22, 38:17; Pv. 2:18). Está era a forma mais fácil de fazer um grego entender o Sheol, pois o Hades era um mundo dos mortos, diferente do Sheol hebraico, mas era. 

Não é difícil imaginar que isso resultou um certo sincretismo. Quando um grego ou um judeu helenizado lesse a Septuaginta e ao mesmo tempo os textos da mitologia grega; e encontrasse a mesma palavra, Hades, entenderia como um só conceito. Ocorreu praticamente uma fusão entre o Sheol e o Hades.

Sheol e Hades nos Pseudepígrafos

O Livro de Enoque, é mais canônico dos livros pseudepígrafos. Varias copias do livro foram encontradas entre os manuscritos do mar morto, era claramente bem conhecido entre os judeus do período intertestamentário, e existem referencias claras ao Livro de Enoque no Novo Testamento (Judas 14-15; Judas 6; I Pedro 3:19,20). Como veremos, ele também beira a canonicidade por ter tido tamanha influencia no atual conceito de Inferno.

O “Inferno” aparece como a prisão dos Vigilantes, os Anjos que perverteram a humanidade a ponto de gerarem filhos com humanas (Genesis 6:1-4).

“Então, eles serão levados ao mais profundo abismo de fogo em tormentos, e no confinamento eles serão trancados para sempre. Imediatamente após isso, junto com eles, fogo e perecimento; eles estarão confinados até a consumação de muitas gerações. Destrua todas as almas viciadas em prostituição, e a prole dos Vigilantes, porque eles foram tiranos sobre a terra.” – Enoque 10:16-18

No Livro de Enoque possível ver que o Sheol era dividido em três separações

“Naquele tempo portanto eu inqueria a respeito dele, e a respeito do grande julgamento, dizendo, Por que um está separado do outro? Ele respondeu, Três separações foram feitas entre os espíritos dos mortos, e assim os espíritos dos justos foram separados. Ou seja, por um  abismo, pela água, e pela iluminação. E da mesma forma todos os pecadores são separados quando morrem, e são enterrados na terra; o julgamento não os surpreenderá em vida.” – 1 Enoque 22:9-10

“Então eu disse: ‘Qual o proposito da ilha dos abençoados, que está completamente cheia de arvores, e dos vale amaldiçoado no meio delas?’. Então Rafael, um dos anjos santos que estava comigo, me respondeu, e disse para mim: ‘Esse vale amaldiçoado, é para todos os que são amaldiçoados para sempre. Aqui serão ajuntados todo aquele que fala com a boca contra o Senhor – palavras que não são apropriadas, e dizem coisas duras contra Sua Gloria. Aqui eles serão ajuntados, e aqui será o lugar do julgamento deles.’” – Enoque 27:1-2

Dr. Martha Himmelfarb de Princeton sobre o “Inferno” de Enoque

“As associações de fogo com o Ge Hinnom precedem seus desenvolvimento no Inferno. A evidencia mais antiga de crença no Ge Hinnom como um local de punição perpetua é I Enoque 27, parte de uma viagem cósmica no Livro dos Vigilantes. Apesar do Ge Hinnom não ser mencionado, essa parte da viagem reflete a geografia de Jerusalém, e é claro que o ‘vale amaldiçoado’ que Enoque vê não é outro se não o Vale de Hinnom.”

Um livro posterior, Apocalipse de Sofonias, registra duas localizações separadas uma para os justos e outras para os injustos, uma para recompensa e outra para sofrimento. No livro de Sofonias aparece até mesmo o barqueiro do Hades dos gregos.

“Triunfo, prevalece porque você prevaleceu e triunfou sobre o acusador, e você se ergueu do Hades e o abismo. Você irá cruzar sobre a travessia” – Apocalipse de Sofonias 7:9

“Você escapou do abismo e do Hades, você agora irá cruzar sobre  travessia... então ele correu para todos os justos, ou seja, Abraão, Isaque, Jacó, Enoque, Elias e Davi.” – Apocalipse de Sofonias 9:4-5

Hades na Mitologia Grega - [Sobre o Inferno - 4/11]

Pra entender o “Inferno” do cristianismo não bastam apenas textos bíblicos. A mitologia grega influenciou consideravelmente a visão de vida após a morte dos antigos e é necessário entende-la pra compreender  como surgiu o “Inferno”.

A mitologia grega era um conjunto de narrações míticas originalmente mantidas pela tradição oral e preservadas até os dias de hoje pela literatura de autores como Homero e Hesíodo. 

            Entre os vários deuses existia Hades, deus dos mortos, que reinava sobre o submundo. Seu reino era cercado de água. Após a morte, o grego cruzava o rio Styx na barca de Caronte e chegava em um lugar conhecido como Campos Asfódelos. Os Asfódelos era um local de apatia onde os mortos se esqueciam de quem eram até chegarem na próxima etapa da jornada.

Continuando a viagem, o defunto chegava numa bifurcação onde seria julgados pelos três juízes, Minos, Radamanto e Éaco. Se o desencarnado tivesse sido extremamente mau, seria enviado ao Tártaro; se tivesse realizados atos heroicos ou sido extremamente bom, seria enviado aos Campos Elísios; se não tivesse sido extremamente bom ou extremamente mau, voltava aos Campos Asfódelos.

Os Campos Elísios são sempre retratados como um lugar paradisíaco. Virgílio, um poeta romano que participou no registro dos mitos gregos, escreveu que os mortos poderiam reencarnar após beber a água do rio Lete.

O Tártaro sempre aparece como o abismo mais profundo existente no mundo, usado como uma masmorra de tormento e sofrimento. Mais de uma vez na mitologia grega, deuses que perdiam as guerras ou deuses rebeldes eram aprisionados no Tártaro. Virgílio escreveu que o Tártaro era um lugar gigantesco rodeado pelo rio de fogo Flegetonte, cercado por tripla muralha que impede a fuga dos pecadores. 

Note como essa descrição de mundo dos mortos se parece muito mais com o pós vida do gato Tom, do que o Sheol do Antigo Testamento. 

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Ge Hinnom no Antigo Testamento - [Sobre o Inferno - 3/11]

O Vale do Filho de Hinnom, (ou Vale de Hinnom, no hebraico Ge Hinnom, no grego Geena), era um local em Israel que se tornou símbolo de punição profética, depois associado ao Inferno. No futuro Novo Testamento, algumas das vezes quando Jesus fala sobre o “Inferno” (Geena), na verdade está se referindo ao Vale de Hinnom. A historia do Vale registrada na Bíblia:

Aparece como referencia geográfica sem maiores explicações, demonstrando que era um local conhecido por todos.

“E este termo sobe pelo vale do filho de Hinnom, do lado sul dos jebuseus (esta é Jerusalém) e sobe este termo até ao cume do monte que está diante do vale de Hinnom para o ocidente, que está no fim do vale dos refains do lado do norte.” – Josué 15:8

“E desce este termo até à extremidade do monte que está defronte do vale do filho de Hinnom, que está no vale dos refains para o norte, e desce pelo vale de Hinnom do lado dos jebuseus para o sul; e então desce a En-Rogel;” – Josué 18:16

“Em Zanoa, Adulão e nas suas aldeias, em Laquis e nas suas terras, em Azaca e nos lugares da sua jurisdição. Acamparam-se desde Berseba até ao vale de Hinnom.” – Neemias 11:30

No livro de Crônicas o Vale aparece duas vezes como local de idolatria e de sacrifícios de crianças pelos próprios pais, o conhecido culto a Moloque.


“Tinha Acaz vinte anos de idade, quando começou a reinar, e dezesseis anos reinou em Jerusalém; e não fez o que era reto aos olhos do SENHOR, como Davi, seu pai. Antes andou nos caminhos dos reis de Israel, e, além disso, fez imagens fundidas a Baalins. Também queimou incenso no vale do filho de Hinnom, e queimou a seus filhos no fogo, conforme as abominações dos gentios que o SENHOR tinha expulsado de diante dos filhos de Israel. Também sacrificou, e queimou incenso nos altos e nos outeiros, como também debaixo de toda a árvore verde.” – 2 Crônicas 28:1-4

“Tinha Manassés doze anos de idade, quando começou a reinar, e cinqüenta e cinco anos reinou em Jerusalém.E fez o que era mau aos olhos do SENHOR, conforme às abominações dos gentios que o SENHOR lançara fora de diante dos filhos de Israel. Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha derrubado; e levantou altares aos Baalins, e fez bosques, e prostrou-se diante de todo o exército dos céus, e o serviu. E edificou altares na casa do SENHOR, da qual o SENHOR tinha falado: Em Jerusalém estará o meu nome eternamente. Edificou altares a todo o exército dos céus, em ambos os átrios da casa do SENHOR. Fez ele também passar seus filhos pelo fogo no vale do filho de Hinnom, e usou de adivinhações e de agouros, e de feitiçarias, e consultou adivinhos e encantadores, e fez muitíssimo mal aos olhos do SENHOR, para o provocar à ira.” – 2 Crônicas 33:1-6

Durante a reforma de Josias, os ídolos erguidos pelos outros reis foram derrubados, entre eles o altar em Tofete, local no vale de Hinnom. Tofete significava algo como “local do fogo”.

“Também profanou a Tofete, que está no vale dos filhos de Hinnom, para que ninguém fizesse passar a seu filho, ou sua filha, pelo fogo a Moloque.” – 2 Reis 23:10

O Profeta Jeremias então revela o Vale de Hinnom e Tofete como futuro local de punição dos idolatras de Jerusalém, um local onde os punidos seriam enterrados.

“E edificaram os altos de Tofete, que está no Vale do Filho de Hinnom, para queimarem no fogo a seus filhos e a suas filhas, o que nunca ordenei, nem me subiu ao coração. Portanto, eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que não se chamará mais Tofete, nem Vale do Filho de Hinnom, mas o Vale da Matança; e enterrarão em Tofete, por não haver outro lugar. E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves dos céus e aos animais da terra; e ninguém os espantará.” – Jeremias 7:31-33

“E edificaram os altos de Baal, que estão no Vale do Filho de Hinnom, para fazerem passar seus filhos e suas filhas pelo fogo a Moloque; o que nunca lhes ordenei, nem veio ao meu coração, que fizessem tal abominação, para fazerem pecar a Judá.” – Jeremias 32:35

E depois profetisa que toda Jerusalém seria como o lugar de Tofete

“E sai ao Vale do Filho de Hinnom, que está à entrada da porta do sol, e apregoa ali as palavras que eu te disser; E dirás: Ouvi a palavra do SENHOR, ó reis de Judá, e moradores de Jerusalém. Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei um mal sobre este lugar, e quem quer que dele ouvir retinir-lhe-ão os ouvidos. Porquanto me deixaram e alienaram este lugar, e nele queimaram incenso a outros deuses, que nunca conheceram, nem eles nem seus pais, nem os reis de Judá; e encheram este lugar de sangue de inocentes. Porque edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; o que nunca lhes ordenei, nem falei, nem me veio ao pensamento. Por isso eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que este lugar não se chamará mais Tofete, nem o Vale do Filho de Hinnom, mas o Vale da Matança. Porque dissiparei o conselho de Judá e de Jerusalém neste lugar, e os farei cair à espada diante de seus inimigos, e pela mão dos que buscam a vida deles; e darei os seus cadáveres para pasto às aves dos céus e aos animais da terra. E farei esta cidade objeto de espanto e de assobio; todo aquele que passar por ela se espantará, e assobiará por causa de todas as suas pragas. E lhes farei comer a carne de seus filhos e a carne de suas filhas, e comerá cada um a carne do seu amigo, no cerco e no aperto em que os apertarão os seus inimigos, e os que buscam a vida deles. Então quebrarás a botija à vista dos homens que forem contigo. E dir-lhes-ás: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Deste modo quebrarei eu a este povo, e a esta cidade, como se quebra o vaso do oleiro, que não pode mais refazer-se, e os enterrarão em Tofete, porque não haverá mais lugar para os enterrar. Assim farei a este lugar, diz o SENHOR, e aos seus moradores; sim, para pôr a esta cidade como a Tofete. E as casas de Jerusalém, e as casas dos reis de Judá, serão imundas como o lugar de Tofete, como também todas as casas, sobre cujos terraços queimaram incenso a todo o exército dos céus, e ofereceram libações a deuses estranhos. Vindo, pois, Jeremias de Tofete onde o tinha enviado o SENHOR a profetizar, se pôs em pé no átrio da casa do SENHOR, e disse a todo o povo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre esta cidade, e sobre todas as suas vilas, todo o mal que pronunciei contra ela, porquanto endureceram a sua cerviz, para não ouvirem as minhas palavras.” – Jeremias 19:2-15

Em Isaias, Tofete aparece como um local preparado para o fogo e a punição.

“Porque Tofete já há muito está preparada; sim, está preparada para o rei; ele a fez profunda e larga; a sua pira é de fogo, e tem muita lenha; o assopro do SENHOR como torrente de enxofre a acenderá.” – Isaias 30:33

A imagem final de Isaias embora não cite Tofete ou Ge Hinnom,  mostra que após o Senhor estabelecer novos céus e nova terra, os cadáveres dos homens continuam queimando e sendo corroídos por vermes. (Mais tarde no Evangelho de Marcos, Jesus referencia esse evento como ao Ge Hinnom). Note que no texto em si não existe a ideia de que os corpos estão vivos, são cadáveres que ficam constantemente expostos, cadáveres.

“Porque, como os novos céus, e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz o SENHOR, assim também há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR. E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne.” – Isaias 66:22-24

            Até aqui o Ge Hinnom além de ser uma localização física, é uma profecia de uma julgamento futuro sobre os injustos.

Existem poucas informações nos séculos seguintes. Alguns acreditam que o vale que se tornou cemitério no livro Guerra dos Judeus de Flavio Josefo, era o próprio Hinnom, mas não podemos ter certeza. (No livro Guerra dos Judeus)

Embora não existam evidencias arqueológicas que comprovem, segundo um rabino do século 12 chamado David Kimhi, o vale havia se tornado um lixão onde a sujeira era incinerada.

“E se tornou um lugar de desprezo onde lançavam a sujeira e os cadáveres, e havia ali um fogo queimando continuamente para queimar a sujeira e os ossos dos cadáveres. Por conta disso, o lugar de punição dos iníquos é chamado parabolicamente de Geena.”




 Imagem do Vale nos dias de hoje:


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Local do Vale no Mapa (canto inferior)




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O Sheol no Antigo Testamento - [Sobre o Inferno - 2/11]

Literalmente Sheol significa buraco, abismo, cova, ou sepultura. Embora Sheol seja traduzido como Inferno, tem um sentido bem diferente do conceito atual. Vou listar abaixo cada uma das aparições da palavra Sheol no Antigo Testamento, dividindo entre versículos em que o Sheol é traduzido como Sepultura e versículos onde Sheol é traduzido como Inferno.

Não é fundamental a leitura de cada um dos versículos. Se confiar em mim ou tiver preguiça, não leia. Vou listar cada um pra quem quiser ler e tiver preguiça de procurar a referencia. Usei a concordância Strong da Blue Letter Bible (www.blueletterbible.org).

Sheol traduzido como sepultura.

Em alguns deles a única interpretação coerente é entender o Sheol como sepultura ou cova física.

E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; recusou porém ser consolado, e disse: Porquanto com choro hei de descer ao meu filho até à sheol. Assim o chorou seu pai.” – Genesis 37:26

Ele porém disse: Não descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe suceder algum desastre no caminho por onde fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza à sheol.” – Genesis 42:38

Se agora também tirardes a este da minha face, e lhe acontecer algum desastre, fareis descer as minhas cãs com aflição à sheol.” – Genesis 44:29

Acontecerá que, vendo ele que o moço ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai, com tristeza à sheol.” – Genesis 44:31

“Faze, pois, segundo a tua sabedoria, e não permitas que suas cãs desçam à sheol em paz.” – 1 Reis 2:6

“Mas agora não o tenhas por inculpável, pois és homem sábio, e bem saberás o que lhe hás de fazer para que faças com que as suas cãs desçam à sheol com sangue.” – 1 Reis 2:6

“Assim como a nuvem se desfaz e passa, assim aquele que desce à sheol nunca tornará a subir.” –  Jó 7:9

“As barras da sheol descerão quando juntamente no pó teremos descanso.” – Jó 17:16
                 
“Na prosperidade gastam os seus dias, e num momento descem à sheol.” – Jó 21:13

“A secura e o calor desfazem as águas da neve; assim desfará a sheol aos que pecaram. A madre se esquecerá dele, os vermes o comerão gostosamente; nunca mais haverá lembrança dele; e a iniquidade se quebrará como uma árvore.” – Jó 24:19-20

Porque a minha alma está cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sheol.” – Salmo 88:3

Os nossos ossos são espalhados à boca da sheol como se alguém fendera e partira lenha na terra.” – Salmo 141:7

“Se disserem: Vem conosco a tocaias de sangue; embosquemos o inocente sem motivo; Traguemo-los vivos, como a sheol; e inteiros, como os que descem à cova; Acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos as nossas casas de despojos;” Provérbios 1:11-13

A sheol; a madre estéril; a terra que não se farta de água; e o fogo; nunca dizem: Basta!” – Provérbios 30:16

Eu disse: No cessar de meus dias ir-me-ei às portas da sheol; já estou privado do restante de meus anos.” – Isaias 38:10

Uma das características da poesia judaica é o paralelismo. Palavras antônimas ou sinônimas são colocadas em versos paralelos. A sepultura como sinônimo de morte aparece nos seguintes versículos.

Cordas do sheol me cingiram; encontraram-me laços de morte.” – 2 Samuel 22:6

Que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do poder da sheol?” – Salmo 89:48

Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como o sheol o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, com veementes labaredas.” – Cânticos 8:6


Aparece em um trecho de Números como uma fenda que se abre no chão e engole os vivos.

Mas, se o SENHOR criar alguma coisa nova, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao sheol, então conhecereis que estes homens irritaram ao SENHOR. E aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra que estava debaixo deles se fendeu. E a terra abriu a sua boca, e os tragou com as suas casas, como também a todos os homens que pertenciam a Coré, e a todos os seus bens. E eles e tudo o que era seu desceram vivos ao sheol, e a terra os cobriu, e pereceram do meio da congregação.” – Números 16:30-33

O Sheol aparece junto com o fogo apenas em um trecho, e mesmo assim não como a fonte do fogo. O autor quer expressar quão fundo o fogo consegue chegar.

“Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do sheol, e consumirá a terra com a sua colheita, e abrasará os fundamentos dos montes. Males amontoarei sobre eles; as minhas setas esgotarei contra eles. Consumidos serão de fome, comidos pela febre ardente e de peste amarga; e contra eles enviarei dentes de feras, com ardente veneno de serpentes do pó. Por fora devastará a espada, e por dentro o pavor; ao jovem, juntamente com a virgem, assim à criança de peito como ao homem encanecido.” – Deuteronômio 32:22-25


Em outros trechos, o Sheol pode ser entendido como a sepultura física (sendo o comportamento dos mortos metafórico) ou como o mundo dos mortos.

“O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sheol e faz tornar a subir dela.” – 1 Samuel 2:6

“Quem dera que me escondesses na sheol, e me ocultasses até que a tua ira se fosse; e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim!” – Jó 14:13

SENHOR, fizeste subir a minha alma da sheol; conservaste-me a vida para que não descesse ao abismo.” – Salmo 30:3

Não me deixes confundido, SENHOR, porque te tenho invocado. Deixa confundidos os ímpios, e emudeçam na sheol.” – Salmo 31: 17

“Como ovelhas são postos na sheol; a morte se alimentará deles e os retos terão domínio sobre eles na manhã, e a sua formosura se consumirá na sheol, a habitação deles. Mas Deus remirá a minha alma do poder da sheol, pois me receberá.” – Salmo 49:14-15

 “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sheol, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” – Eclesiastes 9:10

E mesmo com o possível significado de mundo dos mortos, o Sheol aparece paralelo a morte.

Porque não te louvará a sheol, nem a morte te glorificará; nem esperarão em tua verdade os que descem à cova.” – Isaias 38:18

O termo hebraico qeber, que em nenhum momento é traduzido como Inferno em todo A.T., no livro de Jó tem características idênticas ao sheol.

 “Por que, pois, me tiraste da madre? Ah! se então tivera expirado, e olho nenhum me visse! Então eu teria sido como se nunca fora; e desde o ventre seria levado à qeber! Porventura não são poucos os meus dias? Cessa, pois, e deixa-me, para que por um pouco eu tome alento. Antes que eu vá para o lugar de que não voltarei, à terra da escuridão e da sombra da morte; Terra escuríssima, como a própria escuridão, terra da sombra da morte e sem ordem alguma, e onde a luz é como a escuridão.” – Jó 10:21-22

Sheol traduzido como Inferno

O Sheol traduzido como “inferno” não tem o sentido de sepultura física, apenas o sentido de mundo dos mortos.  O tradutor prefere usar “inferno” ao invés de sepultura, simplesmente porque o Sheol nesses trechos não está associado aos “justos” ou esta associado aos “justos” que foram redimidos. 

A tradução de Sheol para “inferno” apenas nesses trechos é uma interpretação dos tradutores, baseada em conceitos posteriores. Os autores do Antigo Testamento não diferenciavam o Sheol traduzido como  “sepultura ou mundo dos mortos” do Sheol traduzido como “inferno”.

Os mortos tremem debaixo das águas, com os seus moradores. O sheol está nu perante ele, e não há coberta para a perdição.” – Jó 26:5-6

Os ímpios serão lançados no sheol, e todas as nações que se esquecem de Deus.” – Salmo 9:17

Pois não deixarás a minha alma no sheol, nem permitirás que o teu santo veja corrupção.” – Salmo 16:10

Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do sheol.” – 23:14

Como o sheol e a perdição nunca se fartam, assim os olhos do homem nunca se satisfazem.” – Provérbios 27:20

O livro de Jonas faz a comparação do Sheol com o ventre do peixe.

E disse: Na minha angústia clamei ao SENHOR, e ele me respondeu; do ventre do sheol gritei, e tu ouviste a minha voz.” – Jonas 2:2

Da mesma foram que o termo Sheol traduzido por “sepultura” aparece em paralelo com morte na poesia judaica, aparece o termo Sheol traduzido por “inferno”.

Eu os remirei da mão do sheol, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó sheol, a tua perdição? O arrependimento está escondido de meus olhos.” – Oseias 13:14

Tanto mais que, por ser dado ao vinho é desleal; homem soberbo que não permanecerá; que alarga como o sheol a sua alma; e é como a morte que não se farta, e ajunta a si todas as nações, e congrega a si todos os povos.” – Habacuque 2:5

“Tristezas do sheol me cingiram, laços de morte me surpreenderam.” – Salmo 18:5

A morte os assalte, e vivos desçam ao sheol; porque há maldade nas suas habitações e no meio deles.” – Salmo 55:15

Os cordéis da morte me cercaram, e angústias do sheol se apoderaram de mim; encontrei aperto e tristeza.” – Salmo 116:3

Os seus pés descem para a morte; os seus passos estão impregnados do sheol.” – Provérbios 5:5

“Porque a muitos feridos derrubou; e são muitíssimos os que por causa dela foram mortos. A sua casa é caminho do sheol que desce para as câmaras da morte.” – Provérbios 7: 26-27

Mas não sabem que ali estão os mortos; os seus convidados estão nas profundezas do sheol.” – Provérbios 9:18

“Correção severa há para o que deixa a vereda, e o que odeia a repreensão morrerá. O sheol e a perdição estão perante o SENHOR; quanto mais os corações dos filhos dos homens? O escarnecedor não ama aquele que o repreende, nem se chegará aos sábios.” – Provérbios 15:10-12

Porquanto dizeis: Fizemos aliança com a morte, e com o sheol fizemos acordo; quando passar o dilúvio do açoite, não chegará a nós, porque pusemos a mentira por nosso refúgio, e debaixo da falsidade nos escondemos. Portanto assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada; aquele que crer não se apresse. E regrarei o juízo pela linha, e a justiça pelo prumo, e a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas cobrirão o esconderijo. E a vossa aliança com a morte se anulará; e o vosso acordo com o sheol não subsistirá; e, quando o dilúvio do açoite passar, então sereis por ele pisados. Desde que comece a passar, vos arrebatará, porque manhã após manhã passará, de dia e de noite; e será que somente o ouvir tal notícia causará grande turbação.” – Isaias 28:15-19


Mesmo o Sheol nos trechos traduzidos como Inferno não tendo o sentido de sepultura física, continua com características “físicas” semelhantes as de uma sepultura. O ponto mais baixo da terra, um buraco, um abismo, se desce ao Sheol, oposto ao céu, etc.

Ainda que cavem até ao sheol, a minha mão os tirará dali; e, se subirem ao céu, dali os farei descer.” – Amos 9:2

“Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? E mais profunda do que o sheol, que poderás tu saber?” – Jó 11: 8

Pois grande é a tua misericórdia para comigo; e livraste a minha alma do sheol mais profunda.” – Salmo 86:13

Para o entendido, o caminho da vida leva para cima, para que se desvie do sheol em baixo.” – Provérbios 15:24

No Sheol fica a cama, porque o Sheol é lugar de sono. Não tem o sentido de tortura.

Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no sheol a minha cama, eis que tu ali estás também.” – Salmo 139:8

Nos livros proféticos, o Sheol aparece como um símbolo da queda, da gloria para o abismo.

Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede. Portanto o sheol grandemente se alargou, e se abriu a sua boca desmesuradamente; e para lá descerão o seu esplendor, e a sua multidão, e a sua pompa, e os que entre eles se alegram.” – Isaias 5:12-13

“O sheol desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda; despertou por ti os mortos, e todos os chefes da terra, e fez levantar dos seus tronos a todos os reis das nações. Estes todos responderão, e te dirão: Tu também adoeceste como nós, e foste semelhante a nós. Já foi derrubada na sheol a tua soberba com o som das tuas violas; os vermes debaixo de ti se estenderão, e os bichos te cobrirão. Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao sheol, ao mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos?” – Isaias 14:9-16

“Assim diz o Senhor DEUS: No dia em que ele desceu ao sheol, fiz eu que houvesse luto; fiz cobrir o abismo, por sua causa, e retive as suas correntes, e detiveram-se as muitas águas; e cobri o Líbano de preto por causa dele, e todas as árvores do campo por causa dele desfaleceram. Ao som da sua queda fiz tremer as nações, quando o fiz descer ao sheol, com os que descem à cova; e todas as árvores do Éden, a flor e o melhor do Líbano, todas as árvores que bebem águas, se consolavam nas partes mais baixas da terra. Também estes com ele descerão ao sheol a juntar-se aos que foram traspassados à espada, sim, aos que foram seu braço, e que habitavam à sombra no meio dos gentios. A quem, pois, és semelhante em glória e em grandeza entre as árvores do Éden? Todavia serás precipitado com as árvores do Éden às partes mais baixas da terra; no meio dos incircuncisos jazerás com os que foram traspassados à espada; este é Faraó e toda a sua multidão, diz o Senhor DEUS.” – Ezequiel 31:15-18

“Os mais poderosos dos fortes lhe falarão desde o meio do sheol, com os que a socorrem; desceram, jazeram com os incircuncisos mortos à espada. Ali está Assur com toda a sua multidão; em redor dele estão os seus sepulcros; todos eles mortos, abatidos à espada. Os seus sepulcros foram postos nas extremidades da cova, e a sua multidão está em redor do seu sepulcro; todos eles mortos, abatidos à espada; os que tinham causado espanto na terra dos viventes. Ali está Elão com toda a sua multidão em redor do seu sepulcro; todos eles mortos, abatidos à espada; desceram incircuncisos às partes mais baixas da terra, causaram terror na terra dos viventes e levaram a sua vergonha com os que desceram à cova. No meio dos mortos lhe puseram uma cama, entre toda a sua multidão; ao redor dele estão os seus sepulcros; todos eles são incircuncisos, mortos à espada; porque causaram terror na terra dos viventes, e levaram a sua vergonha com os que desceram à cova; foi posto no meio dos mortos. Ali estão Meseque, Tubal e toda a sua multidão; ao redor deles estão os seus sepulcros; todos eles são incircuncisos, e mortos à espada, porquanto causaram terror na terra dos viventes. Porém não jazerão com os poderosos que caíram dos incircuncisos, os quais desceram ao sheol com as suas armas de guerra e puseram as suas espadas debaixo das suas cabeças; e a sua iniqüidade está sobre os seus ossos, porquanto eram o terror dos fortes na terra dos viventes.” – Ezequiel 32:21-27

“E detrás das portas, e dos umbrais puseste o teu memorial; pois te descobriste a outros que não a mim, e subiste, alargaste a tua cama, e fizeste aliança com alguns deles; amaste a sua cama, onde quer que a viste. E foste ao rei com óleo, e multiplicaste os teus perfumes e enviaste os teus embaixadores para longe, e te abateste até ao sheol. Na tua comprida viagem te cansaste; porém não disseste: Não há esperança; achaste novo vigor na tua mão; por isso não adoeceste.” – Isaias 57:9

Ou seja, no Antigo Testamento o Sheol é a sepultura; lugar dos mortos, local escuro, subterrâneo, seco, e abafado; onde os mortos dormem ou onde as pessoas são destruídas.

Não existe tortura eterna através de fogo no Sheol. A diferença que os tradutores fazem entre sepultura no sentido de “mundo dos mortos” e “inferno”, são interpretações que não refletem o que os autores entendiam por Sheol.